Poema das Faces sem Disfarces
Quando nasci, um anjo sacana e muito sincero
Desses que vivem à gozar a vida alheia
Disse: Vá, camarada! Ser mais um desiludido na vida
O mundo incita os homens,
Que correm atrás das mulheres.
E essas, sem perdão ou alguma bonomia
Fazem dos homens anjos sem asas.
Talvez o céu fosse mais azul,
A grama mais verde e a água mais pura,
Mas tais desejos podem feri-lo se desejá-los com real intento.
Portanto, aceite o cinza, o preto e a água turva e barrosa.
As pernas que passam de lá pra cá
Fazem seu sangue ferver, teu corpo arder com a líbido.
Mas pra que tantas pernas, amigo, lhe pergunto,
Se nenhuma realmente caminhará ao teu lado ?
Atrás de semblantes treinados
Deliciamo-nos com a falsidade que consentimos existir.
E, vez ou outra, pensamos poder contar com outros mascarados.
Abandonados, nos enganamos e a angústia nos toma por completo.
Tantas palavras que parecerão danosas aos mal informados
São com a ajuda de idéias já aplicadas outrora,
Uma forma nada métrica e demasiada melancólica, admito,
De pedir que acorde para esse mundo aqui fora.