Sim e não
Não me falem do passado
Que, como temporal, desabou
Em chuvas torrenciais e foi-se.
Não me falem de espectros
Que vieram, materializaram-se
E desapareceram.
Não me falem de amores velhos,
De bolorentas dores, falsas alegrias.
Tenho horror à nostalgia.
Contem-me novas histórias,
Com tramas bem urdidas
E atos surpreendentes.
Viver é experimentar o novo,
O desvio imprevisto,
A alegria súbita.
Não quero ser um poeta
De um mundo saudosista
E retrógrado.
Quero o hoje, como quem recebe
Um presente belo
E inesperado.
Quero materializar palavras;
Jamais viver dos sonhos
Com elas descritos.