TINHA FOME !
Tinha fome !
Entrou no mercado
- nem lembra do nome
e com o coração magoado
furtou margarina
e um pedaço de pão
para sua menina
- fruto de uma paixão
de um pai que não existe
de uma transa-loucura
- e a fome que insiste
na sua filha-ternura.
Tinha fome !
Saiu do mercado
- uma mulher sem nome
com o rosto marcado
de uma adulta-menina
com um pedaço de pão
e uma trágica sina
- dor no coração
de uma vida bem triste
uma quase tortura
- e a fome que insiste
sofrimento que dura.
Tinha fome !
Dia desgraçado
- lembrança que não some
seu amor-próprio humilhado
a apanharam na esquina
com o pedaço de pão
para sua menina
levou tapa, empurrão
teve dedo em riste
numa face tão pura
- e a fome que insiste
uma doença sem cura