Uma mochila cheia de sonhos,
viajando em busca do céu,
será que me perdi?
Será que um novo sol vai surgir?
Ou um abrigo na estrada antes da chuva cair?
Será que hoje a sorte me acompanha?
Acharei sorriso amigo ou gente estranha?
Nos caminhos escuros  e sombrios
da América do Sul.


Na base fria da cordilheira,
eu me sento junto à fogueira
e olho a águia voando.
Agora sou como a águia, parte do monte,
sou grama, vale, horizonte, sou eu,
um homem sem pressa,
pois o tempo é meu.
Sou vida e morte num só corpo,
o presente vivo, o passado morto,
num lugar qualquer da América do Sul.


Sou filho do vento que passa
e sopra o capim de nome estranho,
sou neve derretida que será rio,
sou a fumaça da fogueira,
ovelha que fugiu do rebanho
e não teme a presença de lobos.
Sou a força e o poder do silêncio,
um ser que vive às margens do tempo,
nos atalhos, nas trilhas, nos campos,

da América do Sul.