Cartas,versos e um dia qualquer.
As cartas nunca escritas nadam dizem
soam os sinos
e o inverno,torna-se verão.
Queimei diante da minha sombra
Todas as minhas recordações
Meus prantos...tantos
Que alimentaram o chão
Mas que não cicatrizaram as féridas profundas
As juras injustas
De meu coração,
Onde estão os versos que recitei
Mas que nunca lancei
Aos teus ouvidos
Onde estão os meu gritos.
Meu sangue,
Meu riso
de dor e solidão,
Todas as primaveras se vão,
Todos os outonos,invernos,verões.
Nada ouço,diante do silêncio
Senão o grito
dos vários corpos
que habitam em mim.
Onde estão os pobres
Os mizeravéis
que me pediam as migalhas sujas
De meus pães
e reviravam meu lixo
e tocavam as cartas
que nunca escrevi.
Papéis amassados aos montes
sem uma palavra,só rabiscos
tentando esbolçar a dor
do meu frio calor
da minha sempre ausente
obra perfeita
do ser imperfeito
Que busca no leito
de suas idéias
a genialidade
de uma mesma verdade
de um outro fim
escreverei estas cartas
que várias antes rasgadas
sangraram as palavras
nunca antes faladas
enterradas em meu jardim
E em um dia qualquer
haverá uma carta
sem palavras sangradas
nem muito menos enterradas
serão recitadas
a todos os ouvidos
e este vos digo
não será o fim.