Religare II
Quando o tempo comporta amarga espera,
Quando o corpo sustenta esta demora
Neste lento desgaste vazam horas:
O sonho desmorona e desespera.
Que virá do cansaço destas eras
Quando o tempo esfacela e desarvora,
O instinto prevalece e ignora
Na confusa ilusão de presa e fera.
Quem dirá desta estrela que hoje brilha
Na prisão-labirinto da procura;
No sinal mais distante do expurgo;
Quando a fé das remotas armadilhas,
Deste mal ancestral, inda sem cura,
Fez saber da assunção do Demiurgo.