Musas Erradas

Há quem encontre inspiração,

No álcool, na dor, na tristeza,

Na revolta e na devassidão.

Pérfidos poetas,

E suas linhas soturnas,

Funestas pinturas,

De vívidas angústias.

Não condene essa prática,

Afinal de quem é a culpa,

Se suas almas maculadas,

Escolheram musas erradas?

Dúvido se gostaríamos,

De um Dante esperançoso,

Sem entrar no inferno,

Ou chegar ao paraíso.

Nem seria interessante,

Um Hamlet decidido,

Um Odisseu virtuoso,

Ou um Don Juan inibido.

Musas erradas são espelhos,

Banhadas em sangue e suor,

Nascem do sofrimento do autor,

Mostram sem pudor seu lado feio.

Linhas vermelhas,

Escritas em carne,

É o preço da arte,

E há quem pague.