Conhaque Não Tem Bula
Daqui da janela desse quarto
Vejo a noite como se fosse um quadro,
Os postes, altos e amarelados,
Iluminam debaixo de um céu pouco estrelado,
Desses que as noites urbanas têm nos mostrado;
Os prédios levantam-se adiante
Arranhando o manto nublado,
E enquanto vozes distantes soam como sussurros,
Algumas corujas seguem sobrevoando os muros
Das casas vizinhas e sozinhas dessa rua,
Num suspiro bêbado sinto que alguém me anula,
É uma pena que meu conhaque não possua bula
E que quase sempre a madrugada seja tão curta...