poesias várias

Não penses...

Gosto das coisas como são

Sem pensar e sem sentir...

É mais leve para o coração

É mais fácil assim sorrir...

Pois quando se pensa profundamente

A confusão se instala...

No nosso coração e na nossa mente

E depressa tudo abala...

Tal é o tremor que se sente

E acredita que este poeta não te mente

Ás vezes é melhor não pensar...

Pois pensar é não existir

E perdes definitivamente o teu sorrir

E acabas simplesmente por chorar...

Apenas sente...

Pensar é não existir

E sentir é estar distraído...

Então como posso conseguir sorrir?

Sinto-me apenas um anjo caído...

Anjo que suas asas perdeu

Porque infelizmente um dia amou...

Por ter perdido o que era seu

E porque alguém tanto o magoou...

Então um conselho vou-te dar

Por Amor nunca deves chorar

E este poeta não te mente...

Pois quem te ama não te magoa

E faz como eu e Fernando Pessoa

E como nós apenas sente...

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Minha confissão...

A flor á lua perguntou:

És tão linda e tão só?...

A lua claro que se magoou

Tanto que até meteu dó...

Metia pena para ela olhar

Mas em silêncio ela ficou...

Minhas lágrimas não paravam de cessar

Pois apercebi-me do que se passou...

Então á flor me dirigi:

Tens noção do que eu senti

Ao ofenderes a lua assim?...

Somos companheiros da solidão

E digo-te de coração:

Nunca tive nada assim...

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Não me falem de Natal...

Mais um Natal se aproxima

E o mundo em nada mudou...

E essa época que se avizinha

A mim só me magoou...

Só guerras e mortes em todo o mundo

Terrorismo, ódio e vingança...

E em meu coração um pesar profundo

Lembrem-se daquela criança...

Uma criança que um dia nasceu

E que por nós todos morreu

E que continua morrendo a cada dia...

De que valeu esse sacrifício tamanho

Se o próprio ser humanao

Tudo destrói com simpatia?...

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O sorriso de Deus...

Um anjo essa noite me acordou

E quis ele comigo desabafar...

Tanto que aquele anjo chorou

Por fim éramos os dois a chorar...

Mágoas do mundo e de toda a gente

Aos poucos ele desabafou...

E fui gravando em minha mente

Tudo o que lhe magoou...

Disse-lhe: Pede ajuda a Deus

Ele acenou-me com um simples adeus

E chorando para o céu partiu...

Lembro-me que uma estrela brilhou

E uma brisa por mim passou

E Deus para mim sorriu...

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Angústia do pensar…

O simples acto de pensar

Bastante me angustia…

Passo as noites a chorar

Enchendo-me de nostalgia…

Nostalgia do que não conheço

Duma verdade que já não sei…

E tudo o resto eu esqueço

E já nem sei o que chorei…

Não vou chorar mais, não senhor

Já estou farto de chorar…

Não me peçam por favor

Para voltar a pensar…

Angústia do meu sentir…

Nesta angústia do meu sentir

Nesta ânsia do meu viver…

Perdi eu o meu sorrir

E fiquei sem perceber…

O porquê dessa minha dor

E de minha alma rasgada...

Vou me fazer um favor

Não vou mais pensar em nada…

Sempre que penso, desatino

Entro na euforia do sofrer…

Meu coração parece um menino

Descalço pelas ruas, na chuva a correr…

E a chuva molha, sabes bem

E acabas por ficar constipado…

Não choro por mais ninguém

Não quero mais ficar magoado…

Sem pensar e sem sentir

O que posso eu fazer?...

Para recuperar meu sorrir?

Para evitar o meu sofrer?...

Acho que vou parar de pensar

Não quero pensar em mais nada…

Vou ouvir os pássaros a cantar

E andar só por essa estrada…

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No destino duma lágrima esquecida…

A função duma lágrima não sei

É uma razão que desconheço…

Tanto que nessa vida já chorei

Tanto que nunca mais esqueço…

Mas talvez seja melhor não esquecer

O quanto nessa vida já sofri…

Sofrendo consegui aprender

E foi aprendendo que vivi…

Mas vivendo consegui entender

Que por vezes necessito chorar…

E por mais que me faça sofrer

Às vezes preciso me refugiar…

Então refugio-me na minha dor

E nela encontro minha guarida…

Por vezes até esqueço o Amor

No destino duma lágrima esquecida…

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Porque te escondo minha dor?...

Se minhas lágrimas pudessem levar

Esta dor que deveras sinto…

Elas saberiam te explicar

A razão porque te minto…

Minto quando estou feliz

Ou quando sorrio para ti…

E o que sinto a ninguém se diz

Pois só eu sei o que senti…

Senti e ainda ando a sentir

Por isso não te posso dizer…

Porque te ando a mentir?:

Para te esconder meu sofrer…

Sofrer que escondo dentro em mim

E que simplesmente não to posso contar…

Porque assim seria enfim

Eu e tu, os dois a chorar…

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Lágrimas…

Lágrimas…

Mas o que são lágrimas a correr?

Que significam elas a cair?...

Sinónimo do meu sofrer?

Ou serão meu falso sorrir?...

Sofrimento que se desabafa

Num suspiro deveras sentido…

Uma dor que nos abafa

Na ânsia dum horrível gemido…

Gemido que nos atravessa

A alma e o coração…

E se há algo que a Deus peça

É que me tire dessa desilusão…

Desilusão forçada pelo destino

Traçado no dia em que nasci…

E hoje sou como um menino

Com a tristeza do que não vivi…

E por não ter vivido, hoje eu choro

E é por isso que ando a sofrer…

E a Deus agradeço e oro

Por minhas lágrimas poder manter…

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Chorar por alguém…

Porque ando eu a chorar

Por alguém que não me quer?...

Será que vale a pena amar

Esta maldita mulher?…

Mas esta maldita mulher

Foi a mulher que um dia amei…

Hei-de chorar enquanto Deus quiser

Mas acho que basta o que já chorei…

Rios de lágrimas pelo chão

Levando uma dor derramada…

Filtradas pela desilusão

De uma alma toda rasgada…

Mas de que nos adianta chorar?

(Será que ela chora também?)...

Será que vale a pena amar

Quando se chora por alguém?...

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A arte…

A arte…

Forma diferente de sentir

Uma nova maneira de ver…

Estranha forma de exprimir

O que vai dentro do ser…

Inspiração que vira poesia

Na tela de um pintor…

Saudade virada nostalgia

Nas mãos dum escritor…

Sensibilidade de uma alma sofrida

Exprimida de forma sentida

E dela se faz um baluarte…

Que nos aguenta e tira a dor

É Deus transformado em Amor

É o que eu entendo por arte…

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?...

Do caos nasceu o Universo

E no Universo nasceu a vida…

Tenta perceber esse meu verso

Como sais desse beco sem saída?...

As eternas dúvidas existenciais

Moram sempre em nossa mente…

E soltam-se gemidos e ais

E as dúvidas mantêm-se eternamente…

Então quem sou eu para querer

Tentar essa questão resolver

Se nem sei quem e o que sou?…

Antes morrer na ignorância

Do que viver na eterna ânsia

De saber o que se passou...

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Ao Ângelo Rodrigues.

? …

Quem sou eu para tentar descrever

O próprio indescritível?...

Mas quem sou eu para querer

Desafiar o impossível?...

Mas que arrogância é essa minha

De tentar conhecer o que não conheço?…

Oh Deus, minh’ alma deixou de vaguear sozinha

E o Ângelo nunca mais esqueço…

Como posso esquecer o que não se pensa?

Até minh’ alma anda tensa

Só em ti Ângelo, consigo repousar…

Lendo as coisas que escreves

Ângelo, será que não percebes

Que és na Terra um anjo a vaguear?...

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Ainda ao Ângelo Rodrigues:

Eterna incógnita…

Tentei perceber o que não percebia

E fiquei sem nada perceber…

E minh’ alma apenas conseguia

Aumentar a confusão em meu ser…

Ser? Mas o que é o Ser?

Forma de existir ou simplesmente de estar?...

Lá estou de novo a tentar perceber

O que minh’ alma não consegue assimilar…

Mas o Ser e o compreender

Fazem parte do Grande Ser

Que um dia Deus criou…

E a esse Ser quero perguntar:

Mas que raio se anda a passar

Ou será que nada se passou?...

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Minha forma de ser feliz…

Sem falhar e sem querer

Dei comigo a pensar…

No que poderia, ou não, entender

No que se estava a passar…

E foi-se o tempo passando

E nada foi acontecendo…

E eu já me fartando

De já nada estar querendo…

Já nada queria, eu sei

Mas que posso eu querer?...

Sou um ser banal que passei

E nessa vida veio morrer…

E morrendo, vivo meu dia a dia

E um dia hei-de renascer…

E quem sabe qualquer dia

Hei-de voltar a viver?...

Mas enquanto vivo, não penso

Porque pensar não é viver…

Pois quem pensa, anda tenso

Com ansiedade de morrer…

E viver numa eterna ânsia

É pior do que morrer…

Antes morrer na ignorância

De não pensar e de viver…

Mas se viver é só isto

Quem quer saber de viver?...

Faz como eu que desisto

Com cada dia a nascer…

Morre a noite e nasce o dia

E a dúvida vai ficando…

E com ela vem a nostalgia

Do querer estar explicando…

E na vida nada se explica

Tudo acontece por acontecer…

E apenas na alma fica

O que conseguires viver…

Sonha, vive, e esquece a vida

E vive sem quereres viver…

E sairás do beco sem saída

E finalmente irás saber…

Que a fórmula de ser feliz

É viver sem querer saber…

E o que sinto a ninguém se diz

É a minha maneira de feliz ser…

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A um amor perdido mas nunca esquecido...

A ti Sara:

Minha estranha forma de te amar...

Pior do que esta ânsia do esperar

É esta ânsia de sentir...

Que posso te fazer parar de chorar

Que posso te fazer voltar a sorrir...

Se apenas eu pudesse

Te mostrar tudo o que sou...

Se apenas eu soubesse

Te tirar a mágoa que alguém te deixou...

Mas infelizmente não consigo

Já nem sei o que se passa comigo

Por isso, em silêncio vou ficar...

E neste meu silêncio hei-de sentir

Aquilo que um dia me fará sorrir

Nesta minha estranha forma de te amar..."

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Simplesmente acordei...

Adormeci na esperança de amar

E num intervalo dum pensamento...

Dei comigo a sonhar

Que poderia conquistar esse sentimento...

Mas acordei a tempo de saber

Que às vezes não se deve amar...

Pois amar não é sofrer

Pois sofrer significa chorar...

E chorando não se ama

Pois quem chora só se engana

Sei disso pois bastante chorei...

Mas hoje já não choro

Mas a Deus agradeço e oro

Pois um dia simplesmente acordei...

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Meu sorriso perdido

Há coisas em que medito

Sonhos em que consigo flutuar...

Coisas em que nem eu acredito

Um dia conseguir alcançar...

Mas do sonho vou eu vivendo

E na realidade ando a sofrer...

E só vou eu sofrendo

Perdido na eternidade do meu ser...

Mas antes vaguear perdido no vazio

Do que sentir esse nostálgico frio

De já nada conseguir sentir...

Do que nessa realidade viver

E andar só pelos cantos a sofrer

E já não conseguir sorrir...

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Solidão escolhida...

Vim para onde não queria

Nem nunca esperava voltar...

E simplesmente sem saber o que sentia

Apenas ansiava parar de chorar...

E aqui cheguei eu sozinho

Tentando meu passado esquecer...

E só, segui eu o meu caminho

Na esperança de não mais sofrer...

Mas a dor insistiu em me perseguir

E já nada consigo sentir

E entrei nesse beco sem saída...

E se vivo pelos cantos a chorar

Do que ando eu aqui a me queixar

Se foi esta a minha solidão escolhida?..

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Sensibilidade fingida...

Já dizia o grande Pessoa

Que o poeta é um fingidor...

Tanto que isso me magoa

Como se pode fingir a dor?...

A dor não se consegue fingir

A sensibilidade também não...

Apenas se consegue sentir

Lá bem fundo no coração...

Como se finge um sentimento?

Antes fingir sem fingimento

Uma dor deveras sentida...

Do que fingir que não se sente

E este poeta não te mente

Nem tem sensibilidade fingida...

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Quem sou eu?!...

Beco perdido no tempo

Vagueando no longínquo espaço...

Do coração e do sentimento

No refúgio de um regaço...

Regaço no princípio do fim

Duma loucura desmedida...

E ai, pobre de mim

Perdido nesse beco sem saída...

E agora que me perdi

Como posso me encontrar?...

E o que um dia já senti

A leveza dum simples chorar...

Lágrima que escorreu

Bem dentro em meu ser...

E tudo o que era meu

Vagueou na companhia do sofrer...

Sofrimento perdido e encontrado

Numa nova dor que apareceu...

Hoje sou um homem magoado

E pergunto a Deus:

Quem sou eu?!...

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Sonho desperto...

Entre o sonhar e o acontecer

Falta a palavra capacidade...

A capacidade de simplesmente fazer

O sonho tornar-se realidade...

E há aqueles que sonham

E os que conseguem concretizar...

E estes nunca se envergonham

Do significado da palavra sonhar...

Sonhar apenas não é suficiente

Tens de visualizar na tua mente

O que simplesmente queres realizar...

Faz como eu que na minha mente vejo

Aquilo que realmente desejo

E verás o sonho despertar...

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Essa minha dor...

Deram-me a conhecer o Amor

E vivi esse Amor na sua plenitude...

Mas tudo o que restou foi dor

E hoje vivo numa amarga inquietude...

Inquietude por não compreender

O motivo nem a razão...

Do porquê desse meu sofrer?

Do porquê dessa desilusão?...

Desilusão que me consome dia a dia

E que aos poucos me fez desacreditar...

E hoje ando numa intensa nostalgia

E simplesmente não quero mais amar...

Não quero mais amar assim

Dessa maneira não sei amar...

Seria o princípio do meu fim

O meu derradeiro chorar...

Mas hei-de pacientemente esperar

Por um lindo e puro Amor...

Hei-de parar de chorar

E há-de acabar essa minha dor...

Zeca Soares
Enviado por Zeca Soares em 14/01/2010
Código do texto: T2029240
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