Para enxergar a luz
Dizem que a vida é bela,
Que é bênção e alegria,
Então porquê a guerra?
E a razão da hipocrisia?
Dizem que o homem é bom,
Que é sublime e caridoso,
Então onde está o dom?
Cadê o maravilhoso?
Dizem que tenho alma,
Em um corpo espiritual,
Por isso que sou a calma,
A espera de um ritual.
Dizem que tenho mente,
Em um corpo material,
Por isso que sou errante,
A espera de um funeral.
Dizem que tenho destino,
Quando chegar ao final,
Por isso tanto abismo,
A espera do factual.
Dizem que sou razão,
Sou incrédulo e bondoso,
Então porquê a religião,
Se sou crédulo e maldoso.
Dizem que sou ação,
Sou livre e pensador,
Então porquê a devoção,
Se sou servo e adorador.
Dizem que sou máquina,
Abundante de altruísmo,
Mas é somente máscara,
Camuflando o egoísmo.
Dizem que sou projeção,
Daquele que me criou,
Mas não acho explicação,
Para a fera que gerou.
Dizem que na amizade,
Enaltecemos as virtudes,
Depois vem a honestidade,
E revelamos as vicissitudes.
Dizem que ninguém morre,
Que morrer é como dormir,
Então porquê o socorre?
Porquê não deixá-lo ir?
Dizem que isso é chato,
Dizem que não seduz,
Daí despertar o facho,
Para enxergar a luz.