O dia em que voei

Em uma manhã de sol

De pé me olhie no espelho

Observei-me alado e só

Sentindo-me belo e feio

Saltei da minha janela

Porém nem toquei o chão

Libertei-me desta cela

Que mantém meu corpo são

Mas de onde saíram as asas?

Sou um passáro agora

Para sobrevoar as casas

Então de que me importa?

Lá embaixo vejo formigas

Elas já foram humanos

Entre si arranjam brigas

Até por um qualquer pano

Eu mesmo já fui um deles

Disso não tenho orgulho

Pois não são gente, aqueles

Vivem no próprio escuro

Aqui em cima a vida é linda

A vida é bela, brilhante

Nessa grande sala infinda

E incrivelmente entediante

Que triste é a perfeição

Tudo tão limpo e azul

Muito puro mas em vão

Sem motivo, norte a sul

Volto com a mente em crise

Com o gosto dos opostos

Mas sei que aqui gente vive

E não as perfeitas fotos