O TREM
O trem corre na linha paralela.
Que beleza! Vem o vagão
Rangendo nos trilhos as rodas redondas,
Em grande atrito, nesta união,
Como namorado beijando-a, ela.
Dizendo-lhe, querido me dê à mão.
Vai também à locomotiva,
Vaporosa e esportiva,
Bebendo água e comendo carvão.
Apitando e rugindo, falando com o vagão:
Vem direito, não cai da linha não.
E o vagão obediente, lotado,
Cheio de gente,
Responde; pobre coitado:
Estou lotado, estou lotado!
Respeito quem embarcou:
É só gente conhecida,
Viajando pela vida.
Reponde a loco. Emocionada:
Você é príncipe encantado
Bonito e muito amado.
Meu filho muito obrigado!
No trilho é despachado,
Levando em seu bojo,
Gente boa, gente que via.
Os grandes filhos da ferrovia,
Gente que ama ferroviário:
Canta a loco como um canário,
Vai gente, vai olhando o cenário.
Da natureza bonita...
Sou forte não faço fita,
Carrego gente pobre e gente rica,
Carrego o progresso,
Carrego o vagão:
Ame a ele. Meu irmão.
Luiz Pimenta