UM ROSTO ENTRE O CÉU E AS NUVENS

Entre o céu e as nuvens, vi um rosto

Olhando fixo para o nada

Como se fizesse um esboço

Da vida, que parecia ser errada.

Nem mesmo a beleza da paisagem

Tirou de seu rosto a seriedade...

Aquele rosto perdido em uma linda imagem...

Entre o céu e as nuvens, aquele rosto sério,

Diante de tanta beleza, deixou escorrer uma lágrima

Porque não conseguiu entender os mistérios

Que haviam naquela imensidão!

Aquela imagem linda

Não tinha sentido, nem razão

Só tinha, para ele, uma realidade infinita...

E aquele rosto ficou tão triste,

Sem saber a resposta de sua pergunta,

Sem saber se essa resposta realmente existe...

Mas, parecia saber que não a encontraria nunca!

As nuvens deslizavam de um lado para o outro

E o céu mudava a sua tonalidade...

Aquele rosto ficava ali, descobrindo aos poucos

Que fazia parte daquela realidade

E que aquele mundo era o seu,

De verdade!

Ele olhava por sobre as nuvens

E sob o céu anil,

Procurando uma resposta nas luzes

Que se perdiam no horizonte sombrio.

Então, ele enfiou na cabeça

Aquela idéia fixa

De que a tristeza

Era uma ilusão mística

E com essa idéia, continuou olhando,

Sempre com os olhos no horizonte,

Procurando enxergar atrás do monte...

O horizonte não traz respostas,

O sonho não tem sentido

E o olhar daquele rosto continuou perdido

Entre o real e o ilusório

Sem consciência que o tempo se evadia

Diante de seus olhos

E esse mesmo olhar compenetrado, não via!

Escondido atrás das lágrimas,

Aquele rosto entre os céus e as nuvens,

Aquele, que não via nada,

Passou a ser parte da paisagem

Quando saltou de onde olhava

Sobre as nuvens que por ele, agora, passavam.

As nuvens não o seguraram...

E aquele olhar sério se desfez

E pela primeira vez

Ele sorriu...

Ele sorriu sem saber a resposta,

Mas, sabendo que não mais ficaria triste.

Ele pulou, foi embora,

Mas descobriu que a felicidade existe!