DENÚNCIA A UM DEUS ANÔNIMO
DENÚNCIA A UM DEUS ANÔNIMO
Há sonhos que nos assustam pela realidade
Há realidades assustadoras além dos sonhos.
Serão métodos revolucionários e contraceptivos
Qualquer meio análogo de antídoto
À aspereza invisível que esmoreça
As escoriações do espírito.
Pau, madeira, alvenaria
Homens terminais no terminal
Imbecis suicidas à margem
Da linha do trem.
Não há locomotiva
Há pasmaceira
Tem uma gente coberta aos trapos
Que se cobre do sol, que dissimula
O câncer da cana-de-açucar.
Também tratado nos centros de oncologia.
Não esqueça, Senhor, do último cigarro
Antes da partida; e da quimioterapia
Que deixa ralo os cabelos,
Os olhos vermelhos
E o adeus no rosto
Por um Deus que não os vê!