Cormanthor
Por essas trilhas muitos passaram.
Tantos eu guiei, outros acompanhei.
Amigos e inimigos que o tempo traz e leva
E que agora habitam apenas as minhas lembranças
E o meu coração.
Seus gritos de dor e glória
Ecoarão para sempre por essas matas.
Erguidos por entre os carvalhos
Estavam seus fortes e castelos
Forjados a sangue e ouro.
Mas um dia a última bandeira foi queimada
E suas cinzas caíram sobre as ruínas
Da torre que um dia a erguera aos céus.
Ao cair da noite, ouviu-se surgir uma lágrima.
Banhava um rosto, que vagava por entre as árvores,
Abandonando as terras que outrora profanara.
Suas histórias foram cantadas.
Muitas foram esquecidas.
Seus olhares ainda habitam as sombras,
Aprisionados pra sempre
No coração da floresta.
Ouço os ents¹ abençoarem as terras ancestrais.
Põe a noite, sobre mim, sua túnica negra
Repleta de incontáveis brilhantes
E macia, como o perfume que exalam
Folhas, flores, galhos e brotos.
Meus olhos navegam as sobras do luar.
Por entre as copas de minhas irmãs
Vem a luz da branca deusa
A resgatar minhas memórias
E iluminar minhas esperanças.
Adormecido em virgens terras
Deixo-me perder em sonhos mágicos.
A canção das dríades² entorpece-me os sentidos,
Levando meu espírito por caminhos desconhecidos
De reinos esquecidos e tempos perdidos.
NOTAS:
¯¯¯¯¯¯
* Cormanthor era um dos grandes reinos élficos antigos. Uma floresta imensa, situada na região conhecida como Terra Dos Vales, do continente Faerun, que se encontra no mundo fantástico chamado Abeir-Toril. A majestosa floresta, já há muito abandonada pelos elfos, agora é explorada pelos humanos e o que ainda não foi devastado pelos novos reinos está quase destruído.
¹ Conhecidos como Pastores das árvores, os Ents são retratados como árvores, porém, com rosto humanóide e raízes e galhos funcionando como pernas e braços respectivamente.
² A dríade ou dríada, na mitologia grega, era uma ninfa associada aos carvalhos. Sua existência estava vinculada à de sua árvore; caso esta fosse abatida, a ninfa pereceria.