UM ÚLTIMO ADEUS

Todas as auroras se romperam

ao pesar de nossos olhos – mero vigilantes

O momento parecia se eternizar

como as tantas tardes de solidão

a anoitecer num horizonte feito de infinitos.

Nos olhares gestos pareciam dizer

que tudo se romperia se libertaria

como num assopro que se desmancha

e deixa a vela para sempre acesa

queimando sem se sentir queimada.

Todos os momentos do mundo

pareciam estar ali

celebrando aquela despedida.

Todas as mortes do mundo pareciam se invejar

daquele adeus

que molhava de beijos

a mão que estendia e os olhos

que borbulhavam com lágrimas

saltando como luzes sem escuridão.

Todos os erros se resumiram

em uma angústia intocável de sentimentos

que se apertam para não comprometer a terra

com suas lágrimas.

Fiquei pasmo com um arrependimento

que se imortalizara, calado,

como num pranto,

vendo meu sorriso se distanciar

dos meus lábios

naqueles passos derradeiros.

E para divinizar a despedida

me olho como num último

gesto de quem ama.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 11/01/2010
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