UM ÚLTIMO ADEUS
Todas as auroras se romperam
ao pesar de nossos olhos – mero vigilantes
O momento parecia se eternizar
como as tantas tardes de solidão
a anoitecer num horizonte feito de infinitos.
Nos olhares gestos pareciam dizer
que tudo se romperia se libertaria
como num assopro que se desmancha
e deixa a vela para sempre acesa
queimando sem se sentir queimada.
Todos os momentos do mundo
pareciam estar ali
celebrando aquela despedida.
Todas as mortes do mundo pareciam se invejar
daquele adeus
que molhava de beijos
a mão que estendia e os olhos
que borbulhavam com lágrimas
saltando como luzes sem escuridão.
Todos os erros se resumiram
em uma angústia intocável de sentimentos
que se apertam para não comprometer a terra
com suas lágrimas.
Fiquei pasmo com um arrependimento
que se imortalizara, calado,
como num pranto,
vendo meu sorriso se distanciar
dos meus lábios
naqueles passos derradeiros.
E para divinizar a despedida
me olho como num último
gesto de quem ama.