SANGRIA

SANGRIA

Omar Bravo

A tempera destempera

cor aguada aquarela

desfazendo vida terra

sangra vermelho

corte fora a fora

doente homem resta

tempo não humano

pisa

lancinantes erros

onde o acerto?

onde Deus?

vergonha escondida

aço cortantes ferros

constroem nova humanidade

penetrando esvaziadas cabeças

não pensantes dominadas

vozes não ecoam no vale

outrora verde

imperfeito viver

amargo mel escorre

pela boca fechada

mídia aberta

mentiras em verdades camufladas

inflamados patriotismos exaltados

exalam cheiros

carne humana calcinada

modernos tempos áridos

temas ao poder cantados

por dissonantes vozes

da razão arrancada ao animal

sobrevivente.