LATÊNCIA

Tu te entregas no egaço frio da imobilidade

E desfazes do que crio dentro da poesia imaculada,

Se foges do amor, da beleza, da musa da verdade,

Eu me desgarro de ti, oh alma pobre encarnada.

Se teus olhos cegaram para o azul que a mim desperta

E teus lábios selaram para as palavras adocicadas,

Debruço na janela de meu quarto semi-aberta,

Deixando voar meus pensamentos de lembranças guardadas.

Se teus braços cruzaram a negar o esperado abraço

E teus pés firmaram no chão grotesco onde não há vida,

Mergulho em gemidos ou lamentos quando traço

Um plano e vejo cair por terra em fim de despedida.

Quando o teu corpo congela e resguarda dele o calor

Deixando de exalar o perfume de teu humano coração.

Desenterro em cova funda um santuário já em bolor

Onde guardei há anos num baú taxado RECORDAÇÃO!

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 10/01/2010
Código do texto: T2022140