Desertos
®Lílian Maial
Adentro longínquos desertos,
tontos labirintos de ousadia,
trilhas esmaecidas.
Grão de areia,
por entre dunas de tempo,
ofício de escavar saudade.
Mora no açoite dos ventos
o sussurro dos deuses,
apagando oásis.
Não há fundura no poço,
rasas e secas verdades,
anseio de águas de sonhos,
palavras de remexer sedimento.
Por vezes, uns rostos estranhos,
vociferando sangue derramado,
ímpeto de indigente carpindo destinos.
Nas esquinas da claridade,
emerge da memória
a sombra de uma palavra oculta.
A morte ronda a flor dos dias,
que brota da pedra muda.
Falésias de preces,
faca afiada na jugular da história,
velha interrogação na beira do pensamento.
Trago um jazigo perpétuo de versos
engastados na lápide da escuridão.
Sob as vestes, há teias,
névoa e eternidade de silêncios.
Nos olhos transversos,
o delta de rios sem fim,
a necrose de todas as rosas.
Nos dedos, um breu desponta,
de nascente a poente,
a letra fria agoniza.
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®Lílian Maial
Adentro longínquos desertos,
tontos labirintos de ousadia,
trilhas esmaecidas.
Grão de areia,
por entre dunas de tempo,
ofício de escavar saudade.
Mora no açoite dos ventos
o sussurro dos deuses,
apagando oásis.
Não há fundura no poço,
rasas e secas verdades,
anseio de águas de sonhos,
palavras de remexer sedimento.
Por vezes, uns rostos estranhos,
vociferando sangue derramado,
ímpeto de indigente carpindo destinos.
Nas esquinas da claridade,
emerge da memória
a sombra de uma palavra oculta.
A morte ronda a flor dos dias,
que brota da pedra muda.
Falésias de preces,
faca afiada na jugular da história,
velha interrogação na beira do pensamento.
Trago um jazigo perpétuo de versos
engastados na lápide da escuridão.
Sob as vestes, há teias,
névoa e eternidade de silêncios.
Nos olhos transversos,
o delta de rios sem fim,
a necrose de todas as rosas.
Nos dedos, um breu desponta,
de nascente a poente,
a letra fria agoniza.
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