Vate.

Meu poeta desdenha do futuro

Vê no medo a recusa da esperança

Viveu pelo prazer, agora cansa,

Ganha força no tédio prematuro.

Meu poeta faz versos inseguros

E sucumbe no toque, na dor mansa,

Quer a dor tão profunda que desmancha

Feito a sombra assombrada do obscuro.

Meu poeta modela versos duros

Numa lira hostil, na intolerância;

Dispara nas palavras suas lanças

Ferindo com seus versos, seus augúrios.

Meu poeta viveu em muitos corpos:

Cada verso a dizer: “Que somos mortos.”