Olhares, teares
- Claude Bloc -

*** Olhares
teares
presos até o fim do livro
presos até o cansaço
presos até o bater das asas
de um anjo de olhar castanho.
Café
cheiro de café
sons matutinos
névoa (in)distinta
e as palavras rodopiando
nos sentidos.

Palavras sussurradas
sustando a sinfonia
bocejavam alegres
quase infantis
e ela soletrava
a lembrança das notas
e ela se enfeitava
todas as manhãs
guardando as notas dos risos
e o tempo dos compassos
tempo de nenhures
tempo de viver o encontro
nesse preciso momento
ponto de sol brilhante
ponto diminuto
ponto.
.

IMAGEM: Olhares Orquidais" - de Ana Luisa Kaminski -Brasil