Verso Dezessete
Dezessete, a parideira
Em mês oito, ano oitenta
Com mais dois, barriga agüenta
Nessa hora derradeira.
Espreguiça-se roceira...
Pela dor, respira e tenta.
Ora chove, ora venta
Nessa trova cancioneira.
Inesperada maneira
Que há de vir de onde inventa,
Que em estar se faz contenta
Nessa cama verdadeira.
Pela noite enganadeira
Qual surgiu lembrança lenta
Que se arrasta e se alimenta,
Que se alastra e aumenta
Nessa paz tão sorrateira.