Valsa*
Uma a uma as rosas partiram
Secaram e sucumbiram pétalas sós
E o moinho onde o vento se escondeu
Valsou as folhas e os caules sem dó.
Eram rosas, vermelhas
Em jardins escavados
De sonhos escarlates
E a semente púrpura,
Um grão de vida imolado.
Uma valsa de silêncio
Eram rosas acesas, rubras
Belas e volúveis
Como um derradeiro beijo.
Algures chorou um bandolim
Uma nota pungente
Na madrugada anunciou
Que rosas já não temos.
Restou o aroma
Na úmida lágrima
Nas mãos os espinhos
Na face o anagrama da flor
Que chora o esquecimento
Viaja no prumo de um olhar
De estrelas-rosas no firmamento.
Karinna*
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