Na beira do mundo
Escrever nada de nada
Nada de nada escrever
Pela simples necessidade de escriturar
a escritura mesmo que seja de nada;
Vício de letras e sonoridades baixinhas
Cantadas na voz de Maracos e Marinhas
marreco, andorinha, juriti, arara, periquito, javali
bem-ti-vi, galinha, galo e "pintim",
gavião, trovão, raios e todo o gado,
cachorro "encapetado" e serpentes vistas nas cobras corais do quintal;
Se nada disso conter nada escrevo neste escrever.
Assim muitos se fizeram nas cadeiras das escritas
escrituradas muitas no nada do nada, sem peixe na história,
ou nenhum causo de pescador,
ouvindo miado da onça chegando no riacho,
correndo corisco que nem bicho do mato:
Corre que lá vem gigante gato!
Saí, logo, antes que compreendece a lei do garfo.
São pernas pra que te quero
Lá vem elas de mansinho de quero-quero
Dizendo nada sem nada querer querendo tudo,
É isso todo o absurdo de pescador no rio ou no córrego fundo.