COSTURANDO FERIDAS

Eu, Mulher, dentro ou fora,
Vestida ou nua...
Mistérios que me despertam a coragem
Para continuar costurando,
Minha máquina de costura é a minha realidade
E é dela que parto para os meus sonhos...
Assim, corto e costuro.
De alguma forma, isso repercutiu dentro de mim...
Teço constantemente os bastidores da vida
E é a partir desses avessos que construo pontes
Que me levam para outros mundos.
Eu costuro a realidade com linhas de sonho,
Imagino...
E no ato de imaginar, sou convidada a dançar.
As linhas que entrelaçam os tecidos,
Suturam o meu coração, as realidades inexistentes.
É por isso que vejo além das aparências,
Sei do que os tecidos são capazes
E o que as viagens proporcionam-me...
Se eu não tivesse essa habilidade,
Não me restariam muitas coisas,
A vida sem destino, ou um corpo,
Punindo os sonhos sem fitas.
A vida dentro da normalidade...
Aprendi muito cedo que o sonho é mais que a realidade,
É a arte de saber unir a alma com a pele,
Respeitando o destino.

Adriana Leal



Revisado por Marcia Mattoso