Juventude
Angélica T. Almstadter
Se a juventude me visitasse hoje
Talvez eu não a quisesse mais...
Já me acostumei aos meus cabelos pintados
Na corrida pra esconder os grisalhos
E a mudança de cor sempre que enjôo
Acostumei olhar no espelho esse rosto cansado
Porém com a certeza do dever cumprido
Sempre que termina o dia
Me acostumei a me vestir sobriamente
Sem as extravagâncias da pouca idade
Não me caberia os arroubos
A displicência nos gestos
Não saberia mais caminhar ligeiro
Depois de anos aprendi que em alguns momentos
É preferível...calar...perdoar...se perdoar...
E andar com passos cadenciados
Para apreciar a vida na natureza
Recolher as folhas caídas
Varrer a vida com passos medidos
Não definitivamente não me caberia mais
A juventude com sua impaciência
Com sua palidez de sentimentos
Não saberia mais viver sem meus silêncios
Sem meu cantinho de solidão
A juventude não me ensinou a amar
Não me ensinou cultivar a lealdade
Se a juventude me visitasse novamente
Eu não saberia mais viver