Juventude

Angélica T. Almstadter

Se a juventude me visitasse hoje

Talvez eu não a quisesse mais...

Já me acostumei aos meus cabelos pintados

Na corrida pra esconder os grisalhos

E a mudança de cor sempre que enjôo

Acostumei olhar no espelho esse rosto cansado

Porém com a certeza do dever cumprido

Sempre que termina o dia

Me acostumei a me vestir sobriamente

Sem as extravagâncias da pouca idade

Não me caberia os arroubos

A displicência nos gestos

Não saberia mais caminhar ligeiro

Depois de anos aprendi que em alguns momentos

É preferível...calar...perdoar...se perdoar...

E andar com passos cadenciados

Para apreciar a vida na natureza

Recolher as folhas caídas

Varrer a vida com passos medidos

Não definitivamente não me caberia mais

A juventude com sua impaciência

Com sua palidez de sentimentos

Não saberia mais viver sem meus silêncios

Sem meu cantinho de solidão

A juventude não me ensinou a amar

Não me ensinou cultivar a lealdade

Se a juventude me visitasse novamente

Eu não saberia mais viver

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 27/05/2005
Código do texto: T20151
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.