As folhas das horas


Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira...
(Cecília Meireles)

 
que poemas posso escrever
quando o tempo se esgarça
quando a vida se despe
quando as folhas das horas
são as folhas que me arrancaram?

Pois é, hoje estou aqui
venho de mãos nuas

venho simplesmente
em busca de meus sonhos
e são castanhos os meus olhos
que se azulam

de tanto olhar o mar

assim revelo-me

busco encontrar -me
e resguardar no rosto

a mensagem do tempo
o gosto de aprender-te

sem perder o senso
ao contar as horas


quero poder rever-te
e guardar no corpo
as estações do ano
a viagem que nos une
depois
quero poder partir sem pressa

e me (re)partir
em átimos.