Placebo.

Quem saberá de mim além do tédio

Com quantas flores planto a primavera

No impossível pintei minha quimera

Andei desenganado e sem remédio.

Com quantas perdas fiz a solidão

Nas memórias do tempo, sem caminho;

Em plena multidão vaguei sozinho

Em tonta liberdade, em servidão.

Quem saberá de mim além do vento

Que varrendo meu mundo feito pó

Trouxe paz junto à dor como alento

Feito espinho servil atado em nó

Num carinho sutil: o sofrimento;

Mesmo intensa a paixão mata sem dó.