(no princípio a água é pura...)


Despenham-se águas límpidas
na minha pele saturada
(no princípio a água é pura...)

e em estertores de raízes,
debato-me em calafrios,
embojo o ventre de gula,
arrojo-me em caudais de lama.

E um rio me espera,
atormentado e aflito,
afogado e pardacento
dos pecados que lhe verto...

Não, não largo a primeira pedra,
sou eu a pedra primeira
ao largo do desespero
de um rio em dor inocente!