ONDAS DO MAR
Ondas do mar irreverente
num vai e vem tão fugaz.
Inquietas, buscam nova corrente.
Humildes, repousam no cais.
Levem o cansaço do corpo dolente
pelos fardos que o destino impõe.
Tragam a certeza da fé clemente
que confirma o que já se supõe.
Levem a saudade do amor ausente
que não se entregou por medo de sofrer.
Atracou em águas rasas, silente,
no aconchego que o porto ofereceu.
Tragam refúgio para a alma descrente
que persiste, em vão, a navegar.
Mas em rota errada, displicente,
quando, então, há de chegar?