Vagabundo
E sou eu a puxar as tranças da princesa,
Fazer troças da feiúra dela,
Ela me tem raiva, me xinga,
Rostinho dela parece porcelana, vermelho,
Os olhinhos de cólera, loucos de ira
E eu saio rindo dando estrelas.
Ela vai chorar para o pai, o rei
Com seu bobo da corte, amantes inseparáveis,
Vai dizer que eu o vagabundo roubou seu sossego
E o rei com seu bobo da corte irão rir,
Da sorte do vagabundo, livre do peso, pássaro livre,
Sem compromissos, eu o vagabundo dando estrelas,
Não carrego o mundo nas costas,
Vou rindo, do rei, da princesa e do bobo da corte
E das cantigas e cirandas vou compor meu festejo,
Caçoar da tristeza ri dos tolos, fazer pirueta,
Vou dançar, bailar ao luar, na solidão valsar,
Eu o vagabundo, sou a estrela que dá cambalhotas.
( Rod.Arcadia)