Mu(l)tilados

Mu(l)tilados

Colho flores como olhares

Aos milhares pra qu´implores

Sem que chores por me amares

Nem beijares sem que cores

Como pobres, tristes sabres

Aços nobres feito cobres

Cobras mortas, ora podres

Odres fartas, sem sabores

Se o que sonhas, jamais fores

E estas dores forem sonhos

Tão tristonhos dos amores

Amadores, enfadonhos

Pra que lábios tão risonhos

Se os sorrisos não são sábios

Astrolábios, se perdidos

Sem ser lidos, alfarrábios

Sois arábios, pois vencidos

Solos áridos e arados

Devorados, engolidos

Perseguidos, encontrados

Os amados são banidos

Os bandidos, desejados

São contados, são contidos

Os sentidos: mu(l)tilados

(Djalma Silveira)