MISTÉRIOS E VISÕES

Era tarde

diante dos meus olhos,

mistérios e visões!

A clareira do ventre iluminado

trazia revelações:

Na cabeça tinha ouro e fulgor;

transparente, imaculado, me olhou,

levemente o fraseado se apagou,

consistente como o barro, esfriou.

Uma pedra ajustada desprendeu

no seu peito se espalhou.

Do penhasco uma crosta escaldante

arreando, derreteu.

Novamente desprovida, baqueou!

Estilhaço de ruína esfarelou

Descobrindo toda eira abarrotou,

muita terra desta mina se soltou.

O que corre nas veias de seus pés

é tão frágil que não sai.

O orvalho do corpo cheira a sal,

cujo orgulho, não me atrai.

- É o reino do império celular

desfechando sobre os cortes cerebrais;

- É a luta do mais fraco contra o forte

escamoteando a torre de babel.

Nem o rei, nem a fada açucarada

me fazem refletir.

Esta cura igual a tantas outras

não para de surgir

e o corpo machucado combalido,

recorrendo a outra esfera, regrediu.

Aguçada como o feno se abriu,

outra corda sustentada, se partiu!

Recorrendo à portas entreabertas

fugiu sem me avisar.

Disparado, descendo a pele solta,

imagem secular.

Neste corre desastroso se perdeu,

atracado e nervoso se entregou.

Sacudido pelas pontas não gemeu,

apertado pelos lados, não cedeu.

Já se contam estórias fabulosas

dos arcos da vovó!

Assustando fantasmas sonolentos

que rondam os caixões.

- Peregrino, sonhador, descansa em paz!

Atravessa o outro mundo e nunca mais;

quem começa e não termina nada faz

o perigo está na sina que se traz ;

era tarde

diante dos meus olhos,

Mistérios e visões!

Zecar
Enviado por Zecar em 27/05/2005
Reeditado em 25/08/2007
Código do texto: T20040