A Pantera.*

Não vê as barras contidas na sentença

Guarda nos olhos uma cela e só;

O claustro desta dor te quer, te imprensa,

E o destino se prende em frouxos nós.

No corpo bruto, a mente voa tensa;

A cada passo o rasto risca o pó

A fúria presa crê na paz suspensa

A carne cede e quer a dor sem dó.

O mundo se dissipa na pupila

Ilusão construída pelo olhar

A paz é servidão letal, tranqüila,

O instinto despedido de lutar

O coração dispara que aniquila

Que a sombra sorve a luz e quer brilhar.

*Exercício de parafrase sobre poema homonimo de Rilke em tradução de Geir Campos.