CANTO DO REGRESSO
Minha terra tem paisagens
Que em outro lugar não há;
As aves que aqui trinam
Não trinam como os de lá.
Minha terra faz fronteira
Com a seca e o mar,
São tão imensuráveis suas riquezas
Que outra mais abençoada não há.
Minha terra tem fulgores
Que tais, não encontro eu cá,
E meditar, assim, sozinho
Sei que é melhor voltar.
Minha terra tem mais vida
Afago que não tenho cá;
Minha terra tem folguedos
Xaxado, baião, frevo, boi-bumbá;
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute dos amores
Que não encontrei por cá;
Sem matar a sede no “Velho Chico”
E lavar a dor deste meu pená;
Sem adormecer no colo da morena
Sem o “Padin Ciço” me abençoá.
CANTO DO REGRESSO – Antonio Virgilio de Andrade - é uma paródia ao poema CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA – do Imortal Oswald de Andrade – que parodiou CANÇÃO DO EXÍLIO, do Mestre Gonçalves Dias.