PENITÊNCIA
PENITÊNCIA
O garfo levita no ar,
a visão está distante,
corre nos campos da infância,
para onde não há retorno.
Nos campos fechados, corações prisioneiros
ladeados de arame farpado, tentam escapar
para não voltar àqueles dias,
onde não cabiam olhares nas janelas.
Enjôos dos dias infindos e tenebrosos,
eram puras distrações de assombrados espantos
que a toda hora o esquentar de pavores reprimidos,
destruíam encantos, sufocavam esperanças.
O desafio era testar à noite a solidez dos blocos,
a rigidez das pedras no desfio das mãos
e fugir pelos pátios iluminados de holofotes,
ao zunir das balas, atingindo as ilusões.
Vejo nessas horas que é tempo de voltar,
antes que o momento marcado me denuncie
e a vigilância tente me queimar por ter chegado
após o bater dos cartões.
Mastigar corretamente os grãos escassos da vida,
absorvendo do garfo as imagens que escorrem,
por força da adrenalina ou da angustia sentida,
(pois que os bravos nunca morrerão...)