Que arte é essa de viver?
Que arte é essa?
Perguntas sem respostas
Respostas soltas caminham
Sob nossos pés
Somos cegos e não vemos
O que a alma e coração procuram
Nossos olhos doentes
De medo e angústia
Moram nas dúvidas incessantes
Entre sonho e ilusão
Amor e paixão,
Verdade libertadora,
Ou mentira tentadora
Para calar a dor?
Que arte é essa de viver?
Vivemos e levamos risco
De nos arrependermos
De cada passo torto
Esquivado pela emoção
Lucidez que nos torna gente
Embriaguez que nos deixa humanos
Humanos que nos tornam desumanos
Corações que se transformam em pedra
Tantas almas vazias
Escondidas na capa carnal
Tantas verdades escuras
Jamais declaradas
Quantas mentiras iradas
Quantas belezas deformadas...
Que mundo é este meu Deus?
Que arte é essa de viver?
Dai-me olhos divinos
Para que eu consiga ver
Almas ingênuas e doces
De afeto e emoção
Quero um colapso de alegria,
Um eterno instante de felicidade
Quero ver o verde, os cães,
Que não gritam, não pronunciam maldade
Apenas latem, sem riso,
Mas cantam à minha chegada
Cheios de euforia...
Não quero saber
Quando é o fim do mundo,
Nem qual é o ápice da estupidez humana
Ou a malícia que reina profana
Quero ser estrangeiro dos homens
Entender apenas a língua dos pássaros
Ser ave por um dia
Viver nessa hipocrisia
Voar para bem longe
E deixar de ser pensante
Tantos caminhos andaram
Meus curiosos desejos de saber,
Que indagam e perturbam
Com insistência e tanto querer...
Que arte é essa de viver?
A minha condição de humano
Forçadamente cedida pelo criador
Deu-me de presente
A sensibilidade e o amor
Que floresce com ardor
Num turbilhão de sentimentos
Que desencadeiam no silêncio das palavras
Vivo a procurar
A encontrar razão e importância
Nessa vã existência
E gritar aos meus irmãos
Cegos de ignorância e surdos da verdade
Que arte é essa de viver?
Daniel Pinheiro Lima Couto
03/07/06