A OUTRA

E novamente a tarde cai sem que eu perceba. A noite avança e a madrugada chega sussurrando em meus ouvidos segredos que só ela sabe: quem vela o teu sono neste momento.

A última tarde, o último beijo e a última vez.

O amor que em tuas mãos confio, cobro que me devolvas na mesma medida

Indevidamente

O amor é imensurável

E eu perdi a identidade

Talvez eu esteja abaixada em uma dessas esquinas tentando desesperadamente guardar nos bolsos os níqueis do tempo que foram caindo e ficando pelo caminho

Um sentimento reverenciado e posto num altar

Inutilmente sagrado

Tolerância dolorida e mentirosa

Silêncio

Sarcasmo

Sorriso ácido e corrosivo

Queria tragar tua imagem

Prender nos pulmões

Soltar...

E ver sumindo

Até perder de vista