IDÉIAS GRÁVIDAS.

Desejo-te da boca pra fora

no aval da hora que costura o tempo.

Desejo-te como se menino fosse

como o beijo doce de um amor imenso.

Desejo-te pela manhã e na manha matinal

no afã de te ser presente de uma noite de natal.

Desejo-te transparente, celofane, qual pegadas de néon

sendo do gesto a mímica, sinfonia absoluta do teu som.

Desejo-te poema sem rima,

cavalo, crina,

lágrima do amor partido numa noite de verão atávica...

Desejo-te noite e dia, realizando fantasias meio loucas

sendo beijo e sendo boca na festa do meu véu palatino.

Desejo-te mais natal e menos ano novo

Mais aperitivo e menos lenitivo dos caprichos do tato

Mais recato e menos escracho nos meus conflitos, itos, itos...

Desejo-te o desejo de não desejar:

certamente estarei grávido de outras idéias

em que a gravidade não tenha força

e na forca se mate apenas desejos fracos,

companheiros dos suicidas que estupram noites insones..