Desconsertante
Angélica T. Almstadter
É no gosto da tua boca, que eu me engasgo,
No sabor da tua língua que eu travo,
Que se dane a compostura,
Às favas a mulher madura,
Não me troco pelas ninfetas sem favo,
Quero o gostinho do céu,
Do escorrer do teu mel,
Passeio sem pudores, na tua picardia
Enxugo os suores, controlo a taquicardia;
Me lambuzo ofegante,
Tenho a veia altamente estimulante.
Se me ofertas a face, encho de beijos,
Mas é no regaço, que eu me atrevo;
Sou um poço de desejos.
Não temas, assino o que escrevo,
É meu lema.
Então;
Dê-me as costas e eu te arranho,
Pois sou anjo sem asas.
Me procura, e eu me assanho;
Te levo a perdição,
Rendição;
Pois te ato nos meus enredos,
Te queimo nas minhas brasas,
Se meu ventre tu burilas,
Com dedos agéis e afoitos,
Faço dengo, me abro sem segredos,
Reviro os olhos, dilato as pupilas,
Me esparramo ciciante,
Sussurrante...
Me entrego sem reservas,
Perco os medos,
Assumo a mulher amante fatal;
Preparada e banhada em leite e ervas,
Em nada, nunca, banal.
E enquanto te coloco no pedestal;
Te devoro numa batalha campal,
Magistral...
Até que te rendas exausto,
Colado nos meus seios,
Rendido aos meus anseios,
No meu exclusivo clautro...