POESIAS PARA O FERIADO DO NATAL DE 2009

1.

O feriado do Natal começa mais cedo...

Chuva, frio e poesia dão o enredo.

Músicas distantes, estalar de fogos-

Um filme com Al Pacino e...

A solidão descendo à meia noite.

E sonhos pulsando pelas venezianas da casa vazia.

Mais uma vez decido ‘deixar de ser tímido’. Como se possível fosse.

O tempo sorri.

O amor está próximo, mas alheio, perdido nas suas ingênuas certezas que, cedo ou tarde, conduzirão a arrependimento e perda.

Que posso fazer?

2.

Um escritor sem leitores.

Eternas renúncias. Orgulho intelectual exacerbado. Um desejo de viagem.

Este sou eu...alienígena, obsoleto.

3.

A imutável lógica diurna contra o variegado caos noturno. Revelações de um palco que gira.

Enquanto espero, as luzes se apagam num sentido mais amplo, indiviso. Os atores no camarim discutem sobre as causas do sucesso da temporada.

E, individualmente, concluem que foi pura sorte.

4.

O sol que purifica os altares conspurcados

A espada esquecida na capela destruída

Imagens e sons subindo pela planície-

Reis e servos que despertam para o dia.

Começa a peleja, armas e brasões se erguem

Festa na aldeia, colheita e fartura

São belos ícones na mesma iluminura

Fundos negros e róseos se repelem.

Estou a passar pelo mercado, aqui sou o doce feiticeiro

Que oferece por um vintém os teus desejos

E por mais um, sabedoria.

Entristece-me o conhecimento que o mundo todo,

Mulher, homem, criança, ancião...

Só dos primeiros quer saber, enfim.

5.

Uma doce perspectiva é só o que temos

Para nos apegar.

Buscar possíveis exceções à regra,

Rechaçar o Absoluto...

Dos galhos secos colher o áureo fruto.

Ocasiões em que ouvimos aquela voz interior

Clamar e...não sabemos o que ela diz- pois usa uma língua perdida,

Do tempo dos deuses.

6.

Vaidade, tudo é vaidade.

A ânsia por controle,

A saudade por uma pequena onda do oceano que se vai...

O trabalho que duramente se converte em resultado,

O triste e lento arrastar de um feriado.

O que te enobrece, ó homem, que,

Nesta terra de grilhões nascido,

Tens só sofrido?

Não são tuas dores, nem teu pão cotidiano.

Não é tua estirpe, que não a tens.

Nobre é a tua consciência da vaidade, se a possuis.

7.

O Natal é uma dura renascença.

Amor, como desejo tua suave presença.

Mas sei que procuras pela vida.

Corre a esperança, assim, individida,

Passa pelos meus pés como criança.

Eu observo o quanto te superas todo dia-

Tento calar o meu ardor, cruel é a espera...

Pelo tempo, que é memória e é olvido-

Quando serei eu o renascido?

Filicio Albara
Enviado por Filicio Albara em 24/12/2009
Código do texto: T1993830
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