Nova Esperança

Há centenas de casas iguais

E empilhadas me formam apenas uma fotografia

Há centenas de casas iguais,e o barro que as cerca parece fictício

E há gente aos montes ,escondidas por entre as madeiras que nada se vê

Há sonhos aos milhares,escondidas por entre as telhas que não tem

É tudo igual em todo o mundo

E sei la o que se passa dentro deles,sei lá o que se passa dentro de mim

Se a energia elétrica me fez matéria prima de alguma coisa diferente

É tudo igual no mundo todo

É gente igual aos montes

Apenas gente

E pra mim,apenas uma imagem

E fala comigo em uma língua imprecisa

Dentro do carro nada me toca,fumo meu cigarro

E escuto a mesma estação dos últimos 20 anos

Durmo ao volante

mas um menino sai de uma das casas

e rodeia o bairro com a sua bicicleta

se mistura a paisagem ,dando-me a impressão de que sempre estará por la andando de bicicleta

e sempre será menino

mas ele está vivo

e há vida naquele lugar,por trás das camadas de barro,há vida

há vida até mesmo nos lugares que parecem impossível de se ter

mas há,e eu não compreendo

sei as causas e os efeitos de cor

mas nada sei do que sinto sobre isso

caminho para um velório cheia de magoa e de dor

e todas essas imagens e sentimentos somem com a poeira da cidade

completamente irreal