Dezessete de Agosto.
O poeta quer flor em toda lavra
Entre cascalho e seixo quer a gema
O brilho adormecido do poema
A luz amanhecendo na palavra.
O carbono absoluto na matéria
Polido e lapidado num embate;
Um verso que, quilate por quilate,
Teve causa na origem deletéria.
Quando a rocha fundida pelo tempo
Guardava a luz divina como um templo
E o verbo, no princípio, se fez vida
Um poeta em palavras escolhidas
Tal José, sem ter rumo e sozinho,
Feito pedra no meio do caminho.