[O Caminho do Gozo]
Intensa,
a sanha
amarfanha,
arranha,
lanha,
banha
de suor
os corpos
no ápice
do gozo!
O Tempo,
mal suspenso
em finas tiras
de agonia,
desmorona-se...
[Lá fora,
o colapso das coisas —
o estrondo surdo
de um muro de taipa
que caí sob a noturna
chuva forte:
as flores brancas
esmagadas no barro;
as trilhas prateadas
de lentas lesmas
foram interrompidas
para sempre...]
Arrasto-me, vou
sobre o teu corpo,
recomeçamos...
A noite avança
até o depois de...
Nossos corpos, quase exangues
mas de veias pulsantes,
ainda sedentos,
uivam baixinho...
E sabem: de repente,
qualquer espera
pertence à morte!
O caminho do gozo
termina inexoravelmente
ao amanhecer:
o carro de fogo do sol,
impiedoso,
nunca detém
a sua marcha!
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[Penas do Desterro, de 5 a 22 de dezembro de 2009]
[Excerto do meu Caderninho 4]