[O Caminho do Gozo]

Intensa,

a sanha

amarfanha,

arranha,

lanha,

banha

de suor

os corpos

no ápice

do gozo!

O Tempo,

mal suspenso

em finas tiras

de agonia,

desmorona-se...

[Lá fora,

o colapso das coisas —

o estrondo surdo

de um muro de taipa

que caí sob a noturna

chuva forte:

as flores brancas

esmagadas no barro;

as trilhas prateadas

de lentas lesmas

foram interrompidas

para sempre...]

Arrasto-me, vou

sobre o teu corpo,

recomeçamos...

A noite avança

até o depois de...

Nossos corpos, quase exangues

mas de veias pulsantes,

ainda sedentos,

uivam baixinho...

E sabem: de repente,

qualquer espera

pertence à morte!

O caminho do gozo

termina inexoravelmente

ao amanhecer:

o carro de fogo do sol,

impiedoso,

nunca detém

a sua marcha!

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[Penas do Desterro, de 5 a 22 de dezembro de 2009]

[Excerto do meu Caderninho 4]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 22/12/2009
Reeditado em 20/08/2012
Código do texto: T1990490
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