O PÊNDULO
é viagem fincada cidade sem rua
verdade obscura
suor na friagem:
paradoxo tu e eu meu amor e ódio
café com sal bacalhau com açúcar
a poesia nos escreve com o nada
dissolve encarcerada o quase-tudo
comunicando-se de silêncio
minha cara cerviz de pedra vaporosa exije
de mim um verso branco-escuro
vá lá que seja um dois um somente muitos
não me deixes parar nessa força frágil
nem correr demais: desfaze
e faze minha morte vital vida
mortal nos teus seios quadris
obviedades raras
estraçalham-me as veias na velocidade
do teu sangue compõe-me
num ritmo inebriantemente lento
morre-te-nos
não penses calcula
esquece os contra-efeitos
lembra-te de mim no canto ensolarado
ilhado do teu nebuloso córtex
canta com teus poros que eu suo de ti
e me esvaio por teu corpo inexistente
não me deixes ficar calado
tampa minha boca com um beijo
um dialeto ou um boato