Um Abraço
No enlace de um abraço,
O cheiro que sente no peito afagado,
O calor que dissipa da sua roupa,
Algo se desprende de tua alma;
Palavra mutua que se diga ao pé do ouvido,
Quase nunca é inteligível.
Apure o sentido tátil e olfativo,
Firme-se no enlaço desse abraço,
Tenha por um momento um tronco amigo;
Seja senhor e cativo,
Viva na prisão de um eterno abraço,
E sinta a matéria do espírito:
Abrace forte, abrace com carinho!
“Imploda” no enlaçar do abraço,
Estremeça neste bom amparo,
Sustente e seja sustentado,
Perdoe e seja perdoado,
Amarre bem amarrado,
E abrace novamente apaixonado.
Que o abraço lhe sufoque,
Sua alma ele toque;
Ainda que venha regado em densas lágrimas:
Acolha e seja acolhido.
Abraço intenso que mate uma saudade,
Recomponha e proteja a alteridade.
Abrace a mãe, o pai, e o filho;
Venha de mansinho,Abraço de bicho preguiça.
Abraços comoventes, comovidos, condolentes e condoídos.
Viva na eternidade de um abraço inesquecível,
Sinta o bem de sentir quem se tem;
Como é bom poder abraçar alguém!!!
Abrace o teu bem, para o teu próprio bem:
Liberte-se nesta prisão de outrem,
Seja eterno e eternize, enfim:
Bom pra você e bom pra mim,
Mas nunca, nunca participe de um abraço fingido;
Colha o do urso, porém, do rato e da serpente, se desvie
Comemore este momento de vitória,
E seja o apoio no fracasso.
Cumprimente e seja cumprimentado,
Console essa dor de perda que quase mata;
Sufoque uma solidão,
Prove o sabor da sinceridade.
Abrace a tua causa, tua peleja, tua gloria;
E que este abraço enriqueça a tua estória.
Abrace como se não houvesse mais ninguém;
Corra para o abraço e largue todo enfado:
Como criança abrace feito carrapato,
E com o abraço da jibóia, muito cuidado!
Para mim e para você: aquele abraço!!!