Paraíso

Foi Deus,

Ser Supremo,

o mais Nervoso dos nervosos,

o mais Irritado dos irritados,

eterno e contemporâneo Precursor

da infelicidade contemporânea,

Quem, como se sabe, construiu,

com a argila literária universal,

o Paraíso: fez-se a Luz.

Ali, centrado em Si,

desenvolveu a Mulher, o Demo

e Adão. Este último, macho desajeitado,

sem razão e sem sorriso.

O que se seguiu é de ciência comum:

Total ausência de castidade - e de juízo.

Dizem os pulsares que Deus

(que nunca se culpou, pois Ele só não é a culpa de todas as culpas)

até hoje, com a mão sob o queixo, estupefato está:

- Que imagem é essa?

- Que semelhança é essa?

- Quem foi que deu causa a tamanha leviandade?

(Brada Ele, eterna mente, diante das infinitas luzes do infinito Universo).

E assim Deus quedou-se inerte, imerso em Seus pensamentos.

E assim permanece, há muitos anos-luz.

As vezes, pergunto eu, diante de tantas contradições:

- Se até Ele não sabe, como saberei?

Bardo Setelagoano
Enviado por Bardo Setelagoano em 20/12/2009
Reeditado em 20/12/2009
Código do texto: T1988042