dia claro
olhos que penetram
perfume que embriaga
abraços que sufocam
mãos que me queimam
e meus olhos ainda teimam
em não te perder
palavras que machucam
coxas que me trancam
amor que fere fundo
boca que tortura
e eu naquela loucura
de não me libertar
versos sem sentido
poemas vagabundos
vagando em bares
bêbado em sarjetas
me escondendo em becos
lugares imundos
imagens tortas
paisagens mortas
sono confuso
sonhos obtusos
o medo de intrusos
trancando portas
um vento forte
varrendo as ruas
me esvasiando o peito
meus medos e pesadelos
levados nas lembranças
principalmente as tuas
dia claro