NAS GARRAS DA BRUXA MALVADA
CAPÍTULO I – EIS QUE SURGE A BRUXA
Ouvi dos céus um monte de risada
que me deixou assim transparente,
na mesma hora pedi a Zeus que nada
de ruim acontecesse comigo de repente.
Para completar, a dona da gargalhada
apareceu tão rápido na minha frente;
era uma terrível bruxa pra lá de malvada
e eu olhava para ela assustadoramente.
Não vou lhe matar inseto, fique tranquilo,
é que estou preparando uma nova porção
e nela pede três patinhas de um jovem grilo.
Na mesma hora gelou meu coração.
Pela primeira vez sentira aquilo.
Pensei comigo: estou sem salvação...
CAPÍTULO II – A BRUXA TAMBÉM É VAIDOSA
Uma mulher sempre bonita aparecer deve
faz parte do seu ego sentir-se sempre bela
quero ser mais linda que a madrasta da Branca de Neve
e um rostinho mais jovial do que o da própria Cinderela.
Quero que um príncipe que ao me olhar mesmo de leve
e pense consigo extasiado: nossa,que beleza é aquela!
e por mais que não queira o seu olhar ainda se atreve
ver somente a linda jovem: exclusivamente ela.
Se você fosse igual a mim sentiria na pele o que é ser feia
e os homens ao olharem para você a visão deles odeia,
é triste seu grilo, dói muito, é muito deprimente!
Olha só! Eu devo mesmo estar é variando!
veja só com quem simplesmente estou conversando,
com um ser que é um inseto e não gente!
CAPÍTULO III – ATREVIMENTO DO GRILO FALANTE
O grilo não gostou do comentário da asquerosa senhora
e não aquentando a ofensa, soltou a língua naquele momento:
olha dona bruxa, pede-me desculpa, pois você me ofendeu agora,
eu não sou humano, mas como todo ser vivo tenho sentimento!
A bruxa malvada soltou um berro horrível na hora
que paralisou sincronicamente um forte vento
e falou para o grilo com uma voz ameaçadora:
como pode um grilo cometer tal atrevimento!
Ao ouvir o urro da bruxa o grilo viu o erro que cometera
mas agora já era tarde. Voltara ficar branco como cera
e pelo seu ato terá que aquentar a triste conseqüência.
Inseto sem desconfiômetro! Bichinho mais do que insignificante!
você tem sorte em ser um animal raro, um grilo falante,
se não iria fazê-lo pagar caro pela sua insolência.
CAPÍTULO IV – A PRISÃO DO GRILO
Como você, Grilo Falante, é um animal incomum
não vou usá-lo nessa porção que estou fazendo
não posso desperdiçá-lo de jeito nenhum
se um grilo normal serve para o que estou querendo.
Minhas amigas não acreditarão de modo algum
que eu tenho um raro grilo falante e morrendo
de inveja vão me pedir para vê-lo porque um
grilo falante, para acreditar, só mesmo vendo!
Quer saber de uma coisa! Chega de ladainha!
vamos, não me estressa mais e pule para a caixinha
que agora você é o meu novo e especial ingrediente.
O grilo não obedeceu à bruxa e fugiu desesperadamente,
por ser um animal pequeno, por isto mesmo ter patinha,
o nosso querido inseto não conseguiu ir muito em frente.
CAPÍTULO V – NA CASA DA BRUXA
Chegando a casa, a bruxa colocou o Grilo Falante numa dispensa
onde só havia mesmo animais raros e bem exóticos
animais que de tão incomum ninguém neles pensa
inclusive há alguns que são dos mundos mitológicos.
Que chato! O mundo encantado não tem imprensa!
Os animais quando somem podem estar em circos, zoológicos,
ou até na casa de uma malvada bruxa dentro de uma dispensa,
ou então em outros lugares ainda mais ilógicos.
Os animais que estavam na dispensa, todos enfeitiçados,
ficavam lá dentro parecendo estátuas, paralisados,
exceto o Grilo Falante, pois ele ainda não fora exibido
para outras bruxas ficarem com muita inveja
a tal ponto que diante deste pecado capital
as malvadas iriam ficar que é só brotoeja.
CAPÍTULO VI – O PLANO DO GRILO FALANTE
A bruxa malvada chamou tudo que é coleguinha
e elas vieram para verem e ouvirem um grilo que fala,
porém o Grilo montou um plano de não falar nadinha
e diante de todas as bruxas que apareceram o grilo se cala.
A bruxa malvada parece que no corpo o diabo tinha
vendo a mudez do Grilo e as desconfianças das amigas em sua sala
soltou cada palavrão cabeludo que na sua boca continha
palavra feia essa que nenhuma pessoa ousaria pronunciá-la.
As bruxas visitantes com a cena patética ficaram irritadas
vendo que o grilo não falava chamaram a amiga de loroteira
e não acreditaram que o Grilo viera do mundo das fadas.
Amigas bruxas, você estão sendo é muito bem enganadas!
Este grilo falante só pode estar conosco de brincadeira
se ele continuar assim, nele, várias pragas por mim serão rogadas.
CAPÍTULO VII – A DECEPÇÃO DAS BRUXAS
Mesmo sentindo o seu coraçãozinho pra lá de apertado
e sabendo que a bruxa má estava cada vez mais irada
o Grilo falante continuou o seu plano calado;
por mais que as bruxas insistissem, ele não dizia nada.
Acreditando que aquilo fora um caso mal simulado
e que a mentira agora foi completamente desmascarada,
cada bruxa pegou a sua vassoura e saiu voando cada um para o seu lado
deixando em casa a amiga bruxa má ainda mais desconsolada.
Depois de ter passado por todo aquele cruel vexame
a bruxa malvada resolver fazer da consciência um exame
e chega tristemente na seguinte conclusão...
Quer saber de uma coisa: tive mesmo foi uma alucinação!
espero que o que aconteceu aqui não me difame
no mundo da bruxaria. Diabos! Que situação!
CAPÍTULO VIII – VOLTANDO PARA CASA
Eu já arranjei um outro grilo. O que fazer com este?
Ah, já sei! Pegou o Grilo Falante e o jogou pela janela.
Vai embora! Não quero vê-lo mais na minha vida, peste!
Percebendo que já ganhara a rua o Grilo passou o sebo na canela.
Para onde o focinho apontou, foi; não querendo saber se era norte ou leste...
só queria sair dali e daquela bruxa também queria esquecê-la
mas o medo do inseto estava ainda fresquinho no corpo deste
e ele temia que a noite , no seu sonho, o acontecido trouxesse sequela.
E o Grilo Falante só parou quando se sentiu em segurança,
pois já tinha chegado ao portal dos Sonhos e da magia,
então encosta na árvore e todo esbaforido senta e descansa.
Nossa meu pai! Como foi apavorante hoje o meu dia!
ainda bem que não perdi em momento algum a esperança
de sair daquela situação que tanto me afligia.
O FILHO DA POETISA