Milonga de cantar triste

MILONGA DE CANTAR TRISTE

Milonga para que cantem

Os pobres da minha terra

Milonga para que cantem

Os pobres da minha terra

P’ra se viver de esperança

Vou esperá-la cantando

O canto que a paz encerra

Gerada em raiz de sangue

Bem no ventre da guitarra

Gerada em raiz de sangue

Bem no ventre da guitarra

E tu seguirás parindo

A esperança dos livres

Que no cantar se desgarra

Fogoneira dos galpões

Onde o canto atiça a chama

Fogoneira dos galpões

Onde o canto atiça a chama

Ao despertar corações

Apontarás o destino

A quem o cantar inflama

Milonga de cantar triste

N’um sentimento profundo

Só milongueando esqueço

As injustiças do mundo

Hoje, sou homem que pensa

Que anda longe de Deus

Hoje, sou homem que pensa

Que anda longe de Deus

Se a criança era futuro

O tempo virou passado

E a criança cresceu

Quem caminhava e cantava

E foi seguindo a canção

Quem caminhava e cantava

E foi seguindo a canção

Caminha hoje perdido

Incerto no seu destino

As flores murchas na mão

Não cantam mais os cardeais

Poluído, meu rio morreu

Não cantam mais os cardeais

Poluído, meu rio morreu

Alegrias foram roubadas

As esperanças frustradas

Quem canta triste sou eu...